sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

paisagem de morte protegida pela natureza

Quem olharia para aquele lado do asfalto agora? Duzentos e trinta e três corpos amontoados se apresentavam aos olhos dos transeuntes. Inertes, sem memória, mortos no passado que há pouco passara, entre calda de cereja oferecida no sorvete a todos eles, matando-os de intoxicação, como uma vitamina que o corpo poderia pedir sem saber se era necessária ou não.

Tecendo áreas de veneno os escorpiões logo apareceram para ferroar as pessoas que chegavam perto curiosas. Aquele cenário de horror não seria explicado facilmente, não se dependesse dos escorpiões. Quem chegava perto do cenário era fatalmente atraído pela beleza e ferrões dos escorpiões que os ferroavam a todos.

Não demorou e chegaram também as aranhas, gigantes, carnudas como buceta, extravasando o veneno nos transeuntes. Aquele cenário não seria mudado, se dependesse delas, ele apenas apodreceria um pouco mais, naturalmente.

Os únicos Vips eram os urubus. Foram aceitos pra provocar uma mudançazinha no ambiente, arrancar olhos, triturar nervos, ou seja, pincelar a pintura, a paisagem que tanto apreciavam.


escrito ao som de GZR – Seance Fiction

2 comentários:

Jey Bi disse...

Muito forte essas palavras, mas gostei.

Lucas Adonai disse...

As palavras sao realmente fortes, porem passa uma ideia bem legal
parabens ae