domingo, 4 de março de 2012

poxa, tenista

poxa, tenista, escorreu sangue da sua boca
a sua face está toda manchada de verbo e carniça
escolheram você para o campeonato
mas o campeonato é ingrato

um tropeço e você seria do trânsito
dos carros no trânsito
você atravessando a rua e, tropeçou
você seria dos carros
vários deles passando por cima do seu corpo
das suas mechas loiras
do seu nariz apurado
da sua vontade de seguir em frente
do seu engano

poxa, tenista, você não esteve frequentando as aulas na sua escola
pra quê tirar tantas notas baixas, tenista
não na escola, mas na vida
e na escola também
pois não é qualquer escola que é escola de fato
talvez seja por isso, tenista

sua garganta foi rasgada
com um golpe e meio de faca
logo enfiaram uma espada pela sua boca até o seu ventre
e quando você desfaleceu
mas ainda consciente
enfiaram outra do seu cu
sim, tenista
você foi empalada
está viva ainda
com um grau distante de semi consciência
mas viva

às vezes você tem um espasmo de despertar
e sente gemendo o seu corpo a girar no espeto
que as suas empalações pela boca e ânus permitem
você está sustentada acima de fogo
em um espeto que gira para um lado e por outro
às vezes completando trezentos e sessenta graus
fica mais mesmo é do lado esquerdo, inclinado
depois do lado direito só de passagem
voltando ao lado esquerdo
e raramente virando de vez, em trezentos e sessenta graus novamente
é uma terapia pra você
quem arriscaria dizer que não?

finalmente você começa a vomitar sangue
parece que sua hora chegou
com a espada fundo no seu âmago e você tentando, é, conseguindo, em espasmos cada vez maiores e assustadores, vomitar
vomite mais, tenista
a casa é sua
fique em paz
tudo vai valer a pena
você será feliz
faça o seu melhor
tudo vai dar certo

pena que... você não morre fácil, tenista...
chega, tenista, chega de vomitar, agora uma substância viscosa verde
como se você estivesse se limpando de um mau espírito
buscando uma nova chance

seu amigo agora conseguiu um taco de beisebol
e se pôs a estourar o seu crânio com tacadas cada vez mais fortes
você demora demais para morrer, tenista

com um último estouro eu vejo seu crânio desistir
agora é só a massa pútrida natural de seu corpo

seu amigo escorregou no sangue, risos
sim, ele riu
foi engraçado... risos...
ele ainda ri...
o que fará com você agora? digo, com o seu corpo
ele continua a rir... ele é frio, tenista...
pegando do sangue e batendo contra o peito, se sujando todo, e rindo...
é engraçado para ele, acredite, engraçado demais, pois no fundo ele te ama, tenista...
te matar foi apenas uma necessidade

um dia ele parará de se divertir com você, digo, digo? com seu corpo? não, tenista...
a parada não é só com a sua carne, tenista, com sua carne cada vez mais fétida...
ela passou agora e servir de referência para o quanto fede sua alma, tenista...
ele te ama, tenista... mentira, desculpe-me, ele te odeia e não sabe o porquê
o quê? não sabe o porquê? não, tenista, você é quem não sabe o porquê...

rezará por você
todas as noites
para o fantasma da meia-noite ser a sua companhia no inferno

pra você ter referência no inferno do que é a vida, não para te aliviar, mas para te dar referência...
sim, por exemplo, você sendo afogado em um lago de sangue, sofrendo bastante e tal, sem parar, aí de repente você se sente como que com uma chance de viver longe daquilo, você se sente bem!
não, tenista, é só pra te dar referência, esperança, com alternâncias entre o mau e o bom, apenas para o mau continuar fazendo efeito cada vez mais...
brincar com a sua esperança, tenista

seu amigo jamais te abandonará
só o faria se pudesse ter certeza de que você não existe mais
uma vez por outra pode te deixar de lado
mas, a certeza de que você não existe mais é um tanto quanto difícil de ser alcançada

___
escrito ao som do álbum Among the Living do Anthrax

Um comentário:

Jefferson Reis disse...

Poesia intensa? Não sei. O que causou em mim foi estranhamento e isso já é válido. Preciso mandar isso para uma tenista que conheço. Será que ela vai gostar? rsrsrs