quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ser, estar

a chuva mandou um recado
a chuva não mandou um recado
você estava triste
e então arrumou um bom som pra ouvir
uma boa companhia pra deitar e rolar
um jeito único de transar

uma casa nova na praia é a sua
recanto, paz e maresia
até pescar pode ser saudável
humildade e comunhão com o possível
regra um e regra dois
amontoados pra depois
ainda existir pra mais uma
e se resolver se reproduzir
dar um tempo a sós como um casal

é o mistério da vida
com quem ficar, com quem fazer
uma casa, uma família
ou diversidade para sempre?
algumas pessoas precisam demais de diversidade
talvez elas só estejam um pouco doentes
e não descobriram o prazer da fidelidade

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

luta, água

frio feio frito fato fácil
ainda não congelei, está sem graça
sua garganta sílaba estirpe da noite grata
me terá afogado forçoso em nata

dias que passam sem nenhum tempeiro
são esquecidos sem problema, sem ponto certeiro
já outros dias, cheios de pimenta, cravo, cheiro
rosa vermelha, amarela, violeta, jasmim, canela, por inteiro

sapo sopa sapa sua cepa açoite
árvore de grau, cerveja, vinho, noite
grandes mordomias grátis
na luta da luta pela luta ao lutar
água

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ler

vamos, poeta
use palavras
ninguém vai te ler, poeta
você é um salafrário
a chuva te escuta, poeta
mas logo é drenada
riachos te curtem, poeta
mas pra humanos você não é de nada

cadê uma companhia, poeta?
pra mim está na cara
que você é um sozinho, poeta
uma doença que não sara

escute a sua música, poeta
sentido e ritmo em seus versos
pra onde você quer ir, poeta?
a um novo universo?

caiu a verdade, poeta
ninguém vai

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

frágil caminho

respeitar a linha tênue
uma cena que se encene
colaborar com a perene
água limpa ao viver

seguir em frente, firme
que se aprenda e que se ensine
o que pode ser sublime
a aceitar o fato, nato

pouca coisa a gente leva
nossa casa, nossa mente... nossa treva
conquistar misericórdia
desenvolver-se, livremente
no caminho...
frágil...
da...
salvação...

garota holy water

sábado, 17 de dezembro de 2011

matada boa

liberdade
cadê o coral?
pra você cortar gargantas esta noite

gingado pouco
espiritual
um lança-chamas queimando faces no virtual

frigideira viva
pois está fritando
almas e pescoços, no óleo e no sal

dia-a-dia elegante
sangue, sono, ofegante
pra que matar o sinal?
de trânsito tão pertinente

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

vilas

ervilha
cozinha
aproveitar o dia
sorrir
com honestidade
dois dias
que haja plenitude
quero um buraco na terra
sou avestruz, sou da serra
viver em paz no meu canto
escuro
recanto
curtir uma ventania
por dentro
das vilas

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

não sei se nunca

estado
coitado
tinta
fuligem
aço
descalço
traço
estampado
tinta
aos alegres
foices
só de noite
ontem
desde a chuva
coices
aos mergulhos
únicos
sabadaços
junta
com cabaços
curta
enquanto se assunta
hoje
não sei se nunca

domingo, 11 de dezembro de 2011

os leões sigilosos e a grata Ludmila...

Numa cova de leões sigilosos há setecentas e trinta e sete lâmpadas acesas. Cada uma traz um aroma ou uma passagem secreta para diferentes e aconchegantes recantos. Ludmila acordou na cova por entre os leões sigilosos que logo lhe fizeram uma pergunta:

_ Mas o que uma garota tão linda faz aqui sem ser convidada.
_ Ai, leãozinho, me desculpa? Eu não sei nem onde estou.
_ Não se importe. Pode ficar à vontade. Temos água ali a noroeste.
_ Oi? Ah, sim... Obrigada.
_ Vamos te arremessar daqui a poucos segundos...
_ Mas, como? O quê? Me arremessar?
_ Você vai pra um de nossos recantos sofrer aliviada.
_ Nossa, sofrer aliviada. Parece ótimo, ter sentido no sofrimento.
_ Todos os nossos recantos são bons. São apenas diferentes, uma diversidade de qualidade.
_ Está bom para mim.
_ Conheço um em que você adorará ter a pele descascada viva, até eles poderem afiar facas em seus ossos.
_ Como assim!?
_ Fique em paz. O seu destino sobrevirá de acordo com o seu merecimento.
_ Ai! Estou com medo.
_ Medo pode ser proveitoso às vezes.
_ Quero ficar aqui com vocês...
_ Acho que essa passou... - comentaram entre si os leões...
_ Passei?
_ Vamos te ter para sempre e você poderá visitar todos os recantos, passeando e se divertindo eternamente.
_ Obrigado! Jamais esquecerei este dia.

sábado, 10 de dezembro de 2011

uma gorda e um trabalhador...

_ Eu queria um gole de carinho.
_ Você queria mesmo é um soco e um caminho.
_ Eu queria tanto ser rica.
_ Você queria mesmo é saber apreciar a água.
_ Eu queria tanto vestidos de seda.
_ Você queria mesmo é ser despida.
_ Eu queria tanto viver o momento...
_ Você queria mesmo é sentir prazer no tormento.
_ Você vingará a minha vida?
_ Te matando... está garantida.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

pra quem ainda não entendeu uma passagem do hino nacional... - ponto-de-vista

A passagem: "Deitado eternamente em berço esplêndido" quer dizer que a nação, o conceito, Brasil, está eternamente deitado em seu berço, que é a sua terra, sua natureza, sua grandeza e riqueza geográfica e ninguém vai nos tirar isso. Não quer dizer nada daquilo que dizem que ele está eternamente dormindo em um berço esplêndido e não quer despertar. Acordem, galinhas, há um sentido muito certo no hino e não tem nada a ver com o que vocês acham que seja.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

anti-sal

caiu petardo de caçamba
rolou uma pedra mais pesada que o pó
que o brasileiro consome...
que não é a metade
do que o americano consome...
sente e fique à vontade
na mesa dos sem fome...
até de dia tem ar
o suficiente...
pra neuronealhada ficar
fritando igual açúcar
no sol e depois jogado à chuva

depois de tudo isso
cuidado para seu cérebro não se tornar
derretido e salino
o seu cérebro voa
pelo menos não misture isso
no conto da heroína
que foi salvar as crianças
em lagos de dopamina
chuva, chove, consome
sal no sangue
tome cuidado
pode haver adulteração
nem a gasolina hoje é legal
trinta torres de sal e cocaína
quem se aventurará a cheirá-las
com sal podendo estar misturado a toda ela?
e injetar na veia?
sal puro fritando tudo
tome cuidado com o colega sal
ele pode acabar com o seu rock
ou pode te ajudar
a levantar a pressão
se o álcool te jogar contra um poste
enfim,
tim tim por tim tim
você pode pensar
que deve deixar uma narigada pra mim
pode ficar
jogue tudo fora e assim
vire gente de novo
a guerra do ovo

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

diversão



diversão
cultura
sexo
emoção...

indignação
mais um processo
contra um peão...

subversão
acesso
revolução...

preto no branco
sucesso
amplificação...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Green Naugahyde, novo disco do Primus - observações...

É interessante como o guitarrista faz aquela marcação de contratempo do reggae em quase todas as músicas mas nenhuma delas parece reggae.

O som do baixo tá mais bonito do que nunca. O mestre faz sua dança com toda categoria.

O novo baterista é meio exagerado mas manda bem demais no geral, arrebenta nos chimbalzinhos.

O vocal está cantando um pouco menos doente.