quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ser, estar

a chuva mandou um recado
a chuva não mandou um recado
você estava triste
e então arrumou um bom som pra ouvir
uma boa companhia pra deitar e rolar
um jeito único de transar

uma casa nova na praia é a sua
recanto, paz e maresia
até pescar pode ser saudável
humildade e comunhão com o possível
regra um e regra dois
amontoados pra depois
ainda existir pra mais uma
e se resolver se reproduzir
dar um tempo a sós como um casal

é o mistério da vida
com quem ficar, com quem fazer
uma casa, uma família
ou diversidade para sempre?
algumas pessoas precisam demais de diversidade
talvez elas só estejam um pouco doentes
e não descobriram o prazer da fidelidade

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

luta, água

frio feio frito fato fácil
ainda não congelei, está sem graça
sua garganta sílaba estirpe da noite grata
me terá afogado forçoso em nata

dias que passam sem nenhum tempeiro
são esquecidos sem problema, sem ponto certeiro
já outros dias, cheios de pimenta, cravo, cheiro
rosa vermelha, amarela, violeta, jasmim, canela, por inteiro

sapo sopa sapa sua cepa açoite
árvore de grau, cerveja, vinho, noite
grandes mordomias grátis
na luta da luta pela luta ao lutar
água

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ler

vamos, poeta
use palavras
ninguém vai te ler, poeta
você é um salafrário
a chuva te escuta, poeta
mas logo é drenada
riachos te curtem, poeta
mas pra humanos você não é de nada

cadê uma companhia, poeta?
pra mim está na cara
que você é um sozinho, poeta
uma doença que não sara

escute a sua música, poeta
sentido e ritmo em seus versos
pra onde você quer ir, poeta?
a um novo universo?

caiu a verdade, poeta
ninguém vai

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

frágil caminho

respeitar a linha tênue
uma cena que se encene
colaborar com a perene
água limpa ao viver

seguir em frente, firme
que se aprenda e que se ensine
o que pode ser sublime
a aceitar o fato, nato

pouca coisa a gente leva
nossa casa, nossa mente... nossa treva
conquistar misericórdia
desenvolver-se, livremente
no caminho...
frágil...
da...
salvação...

garota holy water

sábado, 17 de dezembro de 2011

matada boa

liberdade
cadê o coral?
pra você cortar gargantas esta noite

gingado pouco
espiritual
um lança-chamas queimando faces no virtual

frigideira viva
pois está fritando
almas e pescoços, no óleo e no sal

dia-a-dia elegante
sangue, sono, ofegante
pra que matar o sinal?
de trânsito tão pertinente

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

vilas

ervilha
cozinha
aproveitar o dia
sorrir
com honestidade
dois dias
que haja plenitude
quero um buraco na terra
sou avestruz, sou da serra
viver em paz no meu canto
escuro
recanto
curtir uma ventania
por dentro
das vilas

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

não sei se nunca

estado
coitado
tinta
fuligem
aço
descalço
traço
estampado
tinta
aos alegres
foices
só de noite
ontem
desde a chuva
coices
aos mergulhos
únicos
sabadaços
junta
com cabaços
curta
enquanto se assunta
hoje
não sei se nunca

domingo, 11 de dezembro de 2011

os leões sigilosos e a grata Ludmila...

Numa cova de leões sigilosos há setecentas e trinta e sete lâmpadas acesas. Cada uma traz um aroma ou uma passagem secreta para diferentes e aconchegantes recantos. Ludmila acordou na cova por entre os leões sigilosos que logo lhe fizeram uma pergunta:

_ Mas o que uma garota tão linda faz aqui sem ser convidada.
_ Ai, leãozinho, me desculpa? Eu não sei nem onde estou.
_ Não se importe. Pode ficar à vontade. Temos água ali a noroeste.
_ Oi? Ah, sim... Obrigada.
_ Vamos te arremessar daqui a poucos segundos...
_ Mas, como? O quê? Me arremessar?
_ Você vai pra um de nossos recantos sofrer aliviada.
_ Nossa, sofrer aliviada. Parece ótimo, ter sentido no sofrimento.
_ Todos os nossos recantos são bons. São apenas diferentes, uma diversidade de qualidade.
_ Está bom para mim.
_ Conheço um em que você adorará ter a pele descascada viva, até eles poderem afiar facas em seus ossos.
_ Como assim!?
_ Fique em paz. O seu destino sobrevirá de acordo com o seu merecimento.
_ Ai! Estou com medo.
_ Medo pode ser proveitoso às vezes.
_ Quero ficar aqui com vocês...
_ Acho que essa passou... - comentaram entre si os leões...
_ Passei?
_ Vamos te ter para sempre e você poderá visitar todos os recantos, passeando e se divertindo eternamente.
_ Obrigado! Jamais esquecerei este dia.

sábado, 10 de dezembro de 2011

uma gorda e um trabalhador...

_ Eu queria um gole de carinho.
_ Você queria mesmo é um soco e um caminho.
_ Eu queria tanto ser rica.
_ Você queria mesmo é saber apreciar a água.
_ Eu queria tanto vestidos de seda.
_ Você queria mesmo é ser despida.
_ Eu queria tanto viver o momento...
_ Você queria mesmo é sentir prazer no tormento.
_ Você vingará a minha vida?
_ Te matando... está garantida.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

pra quem ainda não entendeu uma passagem do hino nacional... - ponto-de-vista

A passagem: "Deitado eternamente em berço esplêndido" quer dizer que a nação, o conceito, Brasil, está eternamente deitado em seu berço, que é a sua terra, sua natureza, sua grandeza e riqueza geográfica e ninguém vai nos tirar isso. Não quer dizer nada daquilo que dizem que ele está eternamente dormindo em um berço esplêndido e não quer despertar. Acordem, galinhas, há um sentido muito certo no hino e não tem nada a ver com o que vocês acham que seja.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

anti-sal

caiu petardo de caçamba
rolou uma pedra mais pesada que o pó
que o brasileiro consome...
que não é a metade
do que o americano consome...
sente e fique à vontade
na mesa dos sem fome...
até de dia tem ar
o suficiente...
pra neuronealhada ficar
fritando igual açúcar
no sol e depois jogado à chuva

depois de tudo isso
cuidado para seu cérebro não se tornar
derretido e salino
o seu cérebro voa
pelo menos não misture isso
no conto da heroína
que foi salvar as crianças
em lagos de dopamina
chuva, chove, consome
sal no sangue
tome cuidado
pode haver adulteração
nem a gasolina hoje é legal
trinta torres de sal e cocaína
quem se aventurará a cheirá-las
com sal podendo estar misturado a toda ela?
e injetar na veia?
sal puro fritando tudo
tome cuidado com o colega sal
ele pode acabar com o seu rock
ou pode te ajudar
a levantar a pressão
se o álcool te jogar contra um poste
enfim,
tim tim por tim tim
você pode pensar
que deve deixar uma narigada pra mim
pode ficar
jogue tudo fora e assim
vire gente de novo
a guerra do ovo

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

diversão



diversão
cultura
sexo
emoção...

indignação
mais um processo
contra um peão...

subversão
acesso
revolução...

preto no branco
sucesso
amplificação...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Green Naugahyde, novo disco do Primus - observações...

É interessante como o guitarrista faz aquela marcação de contratempo do reggae em quase todas as músicas mas nenhuma delas parece reggae.

O som do baixo tá mais bonito do que nunca. O mestre faz sua dança com toda categoria.

O novo baterista é meio exagerado mas manda bem demais no geral, arrebenta nos chimbalzinhos.

O vocal está cantando um pouco menos doente.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

natureza bela natureza


aranhas
gaiolas
inferno
humano
central
natal
diafragma sanguíneo
amor
eterno

domingo, 27 de novembro de 2011

Lulu (Lou Reed & Metallica) - CD 2... observações


lulu - cd2

(...estas observações são apenas sobre o segundo cd do álbum...)

_ O Lars sola na primeira música, impagável, um solo muito bom.
_ Lars está de volta arranjando a música alucinadamente.
_ O som da bateria está alaranjado (supimpa).
_ A voz do Lou nas narrações é realmente feia, mas pode ser cativante se você entende a letra.
_ Cada uma das quatros músicas segue um lance de ter um só tema que fica se repetindo e repetindo até o final sem muita coisa nova (exceto arranjos).
_ Quase que acontece uma Unforgiven IV na faixa Junior Dad. Eles até colocaram uma nota buzinante igual tem nas Unforgivens... e a faixa acaba com uns pelo menos cinco minutos de entonações do tipo.
_ Só o riff de entrada do cd arranjado como é já valeu o álbum.
_ O baixo está podre de tão alto e pesado e mesmo assim não chama a atenção de quem ouve, tá escondido, algo que só o Metallica gosta e consegue fazer.

GOL DO VASCO! 2 x 1!
bye

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

conquista

o medo
o choro
a chuva
a deusa

me dê uma
forma de crer
e evoluir
liberdade ao ser

sem culpa
sem dúvida
conquista
sublime

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

e um cinema

sentido eterno
fogo na corrente sanguínea
água como melhor veículo para o fogo
aquela construção velha já era
agora é um lote comprado
o que construirão nele?
talvez um shopping
com cinema para as vizinhanças
em um bairro que não tem quase nada
isso poderia ser um empreendimento e tanto

e aquela música real, meu
ou melhor, essa música real
segunda faixa de um disco tal
sem igual
morro peixe, morro sal
morro em áudio, não faz mal
morro sangue, morro sujo
morro sempre, anormal
morro agora, morto que sente
morro animal

ao

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

terror pra quem fica

terror!
escuro e baixo teor

a garantia é lâmina fina
cortando a grana de quem fica
sem saber o que fazer
fazendo um louco de você

terror!
água e dopamina

terraço escuro e ensurdecedor
por tamanho silêncio e tamanha dor
outro dia você me ensina
a sobreviver por entre minas
não instaladas mas não vazias
em seus secretos tribunais

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

confiança

troncos
para a vida respirar
barrancos
para o sol verbalizar
sua fúria
aqui e em alto-mar
parados
seus pensamentos estão
em questionamento
por você mesmo
tente outra vez
não tente outra vez
o que fazer agora?
estará tudo perdido
em que confiar
quem conseguir
descobrir
se dará bem

domingo, 13 de novembro de 2011

ela desabafava em guilhotinas

ela gostava de desabafar em guilhotinas
não por opção, mas por traços de tragédia que a buscavam por vez e outra
muitas vezes e outras

perdia a cabeça
contava seus problemas
até um próximo dia em que
teria novamente a ilusão de ter cabeça
e antes que tragédia maior aconteça
guilhotina de novo ela irá buscar
e desabafar

em praça pública
ocasião não solene
à vista de todos
os que se aconcheguem
em volta de seu pescoço
é muita gente
ou gente pouca
até querosene
pra uma próxima etapa
de colocar fogo
em quem ainda geme

sábado, 12 de novembro de 2011

estaremos mil

entre horas
entre segundos
entre segundas
podemos ser

entre vida
entre mistério
entre a aquarela
podemos estar

entre zinco
entre cálcio
entre potássio
pra sempre estaremos?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

os cinco melhores bateristas na minha opinião

1) Dave Lombardo (Slayer, Fantômas...)
2) Lars Ulrich (Metallica)
3) John Bonham (Led Zeppelin)
4) Tim "Herb" Alexander (ex Primus)
5) Larry Mullen (U2)
"love is blindness
I don't wanna see
won't you wrap the night
around me?
oh my heart
love is blindness"
u2 - love is blindness

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CD Temp - Coletânea

Fiz uma coletânea que fiquei assustado com o resultado, ficou bom demais. Aí segue:

01) A Perfect Circle - Thomas
02) A Perfect Circle - The Noose
03) A Perfect Circle - Vanishing
04) Deftones - Sextape
05) Deftones - Risk
06) Deftones - Hole in the Earth
07) Lovage - Lies and Alibis
08) Lovage - Book of the Month
09) Lovage - Koala's Lament
10) A-ha - Scoundrel Days
11) Faith no More - Get Out
12) Meshuggah - New Millenium Cyanide Christ
13) Iron Maiden - Flight of Icarus
14) Slayer - Kill Again
15) Sepultura - Dusted
16) Obituary - Download (live)
17) Korzus - Mass Illusion
18) Testament - Into the Pit

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

galinhas

dois patifes tentam vitimar seu filhotes
então elas os bicam na altura dos olhos
escolhendo se os cegam
ou não
eles, que atacaram seus filhotes

mais tarde o básico e tradicional milho virá
e tudo estará em paz novamente

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

pois é possível

cascata de puta poça zen
mate a primavera
é o que convém
assimile a sua desgraça
de cabeça pra baixo
toque a lama e se despeça do trabalho
indignado
sem cume
sem manga
sem nicho
sem vida
sem vício
rogaram-te a vida
e o que você fez?
faça de novo
morra em um ovo
preso para sempre
castigo pertinente
ninguém se importa com você
você merece o tédio e a morte
a doença e o esquecimento
duas vezes mais
quatrocentas vezes mais
matemática existe
pra te punir
morra
pois é possível
acabar com você

terça-feira, 13 de setembro de 2011

assassinatos de Jobs

coisas estranhas, Jobs
o que você tem feito, grande amigo?
o demônio veio buscar a sua alma
há sangue por baixo das suas unhas
o odor é de vítimas
vítimas de seus esboços e conclusões
assassinatos

ainda tem sangue na torneira, Jobs
tenha cuidado, pequeno grande amigo
a chuva veio varrer seus vestígios
mas não será suficiente

você matou em ambientes fechados, Jobs...
adeus

terça-feira, 6 de setembro de 2011

melhoras pra ti, irmão... nesse mundo criado nosso...

duas canetas
um pincel
sete pedaços de papel

um milhão de estrelas
infinita gratidão
rola a pedra preciosa
entre búfalos e coração

irmãos em caminhos fartos
frutos e ervas nossas
em um solo abençoado
e um címbalo falece

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

alegria há

uma nova escola de sábios
de sabiás que sabiam assobiar
quantas gaiolas desperdiçadas
sem sabiá para nelas estar

fogo do ultra-mundo corrói o narcisista
despensa de cogumelos e mais há no lar
como pôr versos em um poema
alegria há de ficar

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

livros que estou lendo...

Sombras da Noite - Stephen King
Tieta do Agreste - Jorge Amado
A Misteriosa Chama da Rainha Loana - Umberto Eco
Deus me Livre! - Luiz Puntel
A Hora da Estrela - Clarice Lispector
Alice's Adventures in Wonderland - Lewis Carrol (em inglês)
O Ninho dos Gaviões - José Maviael Monteiro

segunda-feira, 25 de julho de 2011

um bom recanto

uma flor
puro mel
gosto de chuva
água límpida
temperatura
espírito elevado
um bom recanto
nos espera certo
mais do que mágica
é a espontaneidade
de viver o momento
respeitando a fragrância
do inimaginável

sexta-feira, 22 de julho de 2011

deixe o telhado...

aquela hora era outra coisa
deixa passar
você vale um buraco de...

agora já era outra coisa
deixa pra lá...
sem um olho você estará

duas vezes chuvas de ácido no seu telhado
e na hora em que não tiver telhado
vai ser diferente
era outra coisa

matado afogado e trancado numa fossa de merda debaixo do meio da rua

quarta-feira, 20 de julho de 2011

haja

desgraça subterrânea
óleos não são suaves
a injustiça assola a terra
as relações são muito complexas

o mano paga em outra vida
o que nem saberá que fez nessa
haja

haja naja
haja sossêgo
haja um bom livro
haja desgraça

segunda-feira, 18 de julho de 2011

colegagem...


eu sou colega daquele papagaio azul do filme Rio...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

no sol, na Terra...

no sol
amarelo
quente
gostoso

ativando as vitaminas
afastando a depressão
sai, nuvenzinha, sai da frente...
deixe o sol brilhar potente

que falta me faz
sentir toda a sua energia
olhe, que você já vem de volta
fez que vinha mas não veio

ó, venha clarear, grande sol
venha esquentar
esquentar até pocar, pra valer
vamos, pequeno grande sol, vamos

eu quero o seu proceder amarelo
quero a sua participação em minha vida
todos os dias...

e olhe aí que você veio potente...
mais uma vez, sem igual
obrigado, amarelo
pelo seu raiar, pela sua presença
estou
no sol
na Terra

------
* dedico essa poesia a todas as gatinhas leoninas solteiras... ;)_

terça-feira, 12 de julho de 2011

coração...

um pouco mais de amor
pra onde vai a dor?
transmuto em educação
estamos no coração
o que mais a fazer?
o que mais a pedir?
sorria, a página acabou
não tente outra vez

segunda-feira, 11 de julho de 2011

e o grande mundo rola...

esperneando
até vazar as bolhas de um enquanto
horas são saborosas
você, um encanto
todo mundo gosta de ficar parado
curtindo
com estática e dinâmica plena
rola, grande mundo, rola...

sábado, 9 de julho de 2011

dentro de alguns segundos...

dentro de aluns segundos
o mundo acabará
de novo
você teve tempo para registrar?
pois, eu minto?
acabou de acabar de novo

sangue violeta jorra
por entre as fendas na terra
há um jogo a ser jogado
eu me aceitaria, desarmado?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

dentro das pétalas há ouro...

jogou na lagoa e a lagoa pulou
brincou de fantasma, coberto de glórias, se desavisou
inteiro em espinhos, seu porco, seu ninho, tentou se salvar
esqueça a garoa, deixe ela funcionar
pequenos espelhos não são olhos vivos contigo a viver
dentro das pétalas há ouro...
e você a não saber

quarta-feira, 6 de julho de 2011

NOVELA ---> Aventuras do Sr. Xaranha - Cap. 01 - ...novelas para serem lidas em voz alta...


_ Sr. Xaranha! O senhor por aqui? Como é que vai, my brother!?
_ Eu? Eu tô mais Xaranha que nunca, se você quer saber, você que é Zé Buceta...
_ Pois é, Xá! Como é que tá essa vida, brother!? Muita Sra. Cacete atualmente!? Porque você é o cara, já apanhou de cinquenta Sra.s Cacete ao mesmo tempo, e agora, como é que vai a onda?
_ Parei de mexer com Sra. Cacete. Até que o mundo nos entendeu... Sou chamado Sr. Xaranha porque como xaranha... Elas são chamadas de Sra.s Cacete porque levam cacete... Agora que o mundo entendeu nossa situação voltaremos logo a nos encontrar...
_ Que se foda-se, Sr. Xaranha... Eu sempre soube disso... Precisava parar um tempo para o mundo entender? Que onda é essa, meu irmão!?
_ Onda de Sr. Xaranha...
_ Onda de Sr. Xaranha!? Sei... Até parece que essa atitude foi uma atitude de um Sr. Xaranha que se preze...



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quinta-feira, 30 de junho de 2011

mapa

antes da casa havia uma rua
antes da casa havia uma cura
antes de nada havia um tudo
antes de tudo havia um tudo
antes de som havia uma chácara
antes do medo existia um mapa
sempre de antes a cobra falar
tem um boi na vida a pastar

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os Supers Mels Wells Wells

os supers Mels Wells Wells dominam o bairro
seja pelos cruzos do Rabudo ou de sua filhotada
eu tenho uma Super Mel Well Well em minha casa
não é castrada, quando entra no cio é uma luta
mas ela sai de cada cio e volta cada vez mais macia
os chamo de Mels Wells Wells por causa da maneira como se comunicam
é "Mel, Well..." pra todo lado
outro dia vi o Rabudo ensinando seus filhotes a caçar
o chamo de Rabudo porque ele tem um rabão quase maior que ele próprio
eles são gatos de rua, mas ainda são Supers Mels Wells Wells
não tanto como a minha, que sobreviveu às ruas até que nós a acolhemos
e ela é mais que Super porque sabe conviver com a gente
companheira a todos, em todos os momentos, de acordo com a necessidade
ela é mesmo surpreendente
viva os Supers Mels Wells Wells!
Viva a Nina, uma Super Mel Well Well!
!aqui uma foto dela (clique)!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

No (crônicas)

Aonde e quem saberia onde está o No? Estaria ele em algum lugar?


Em algum lugar, no lugar dele, dele que é No? Estou no conjunto de prédios onde mora uma amiguinha minha que também curte Ummagumma do Pink Floyd. Buscamos pelo No e não o achamos. Aliás, como que a contração de em + o poderia estar em algum lugar? Palavra mestra nos textos, escrava da baixa tecnologia que é a junção de uma tinta com um papel e a arte da letra. No. Pronto. Esteve por aí no texto. No texto. No. Mas, seria esse o No que buscamos? Seria ele um termo genérico ou um específico No? Talvez agora ele esteja curtindo um molho acebolado de shoyu com carne e pimentão. Num restaurante daquele que não existe mais. Talvez esteja No espaço. Não. Não é porque este último No do texto está em itálico que quer dizer que ele é o nosso No. Talvez possamos elegê-lo. Ou convidá-lo. Venha No, apareça você, único como é.



_ Já apareci... Sou eu quem dá título ao texto.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

eclipsam

ela é
nós somos

comida com batata
vodka com limão

estrelas no céu
e a lua do tamanho do sol
quando se eclipsam...
quando se eclipsam...

terça-feira, 7 de junho de 2011

bagunça frenética

ouvir um álbum
continuar
buscar a perseverança
caminhar nos verdes prados

passei mal
achei soluções
o que é a vida agora, meu
que bagunça frenética

segunda-feira, 30 de maio de 2011

contamina

e a brisa passa...
e o bom filme de terror continua...
alguns jamais lembrarão os anos 80...
alguns jamais lembrarão...

perfume de pimenta, mirra e óleo...
transporta o passageiro pelas orlas do frio...
frio que chega à terra e a contamina...
com vontade e prazer.

vezes você viveu

pelas pontes do camarada rio verde
ele foi lá passear
quantas contas pra pagar, energúmeno
você não pode vacilar

trinta vezes kamicase
setenta pescador
duzentas chá mate...
quantas vezes você viveu

segunda-feira, 23 de maio de 2011

3


um


dois


eu?

terça-feira, 17 de maio de 2011

motocas pro ar

um tinhoso triste matava a madrugada
queria amor e água salgada na pele e no mar
na alma um descanso, pedaço de incenso, cheirar
olfato mimado de atropelado em asfalto, motocas pro ar
agora as feridas se curam e o tempo é um mero estar
escolheu um canto e ficou gostando da atmosfera
um começo de rebeldia saudável se fez valer como um sonho que se torna
realidade

segunda-feira, 16 de maio de 2011

alvoroço não

muito rápido
muito gosto
salpicado
alvoroço

por outro lado...

chapa a selva
no meu colo
aritmética
explodida
ranca o osso
chama a alma
alvoroço? não...
só o começo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ele reflexos

dentro de um espelho
o bagunceiro se horroriza
caminha pelo meio da rua
buscando reflexos
meros

quer uma referência
ele esquece de tudo
quem é, como ser, com quem parece
esquece
padece

dá pena

energia nova te saudará
mantenha-se indo
pare e sorrindo
esqueça-se no ar
aterre-se na terra
mergulhe no abismo

terça-feira, 10 de maio de 2011

passeio e pulo pra dentro do vulcão

ouro seco
maldito caboclo
descalço no mato
matando os pescoços
atira no mato
calçado esforço
venenosa plantinha
fez um machucado
sacaneou o pentelho
brincou de sanhaço
carona de febre
com força de lebre
correu ao vulcão
pulou, se desfez

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Contos Delírios - 05

O solo vivia sua vida de terra estratificada contendo várias pérolas preciosas.

As gentis pessoas que chegavam até aquela roça admiravam a terra, mas não pegavam os diamantes, pois preferiam vê-los lá ao natural.

Era inaudível o grito das pedras preciosas em gratidão, mas elas viviam em verdadeira festa por poderem permanecer ali e ainda terem contato com seres humanos.





sexta-feira, 29 de abril de 2011

Contos Delírios - 04

O géiser que pegou ela de surpresa foi mais forte do que ela podia imaginar.

Sempre eloquente, era chamada de linda por todos.

Agora ela quer rodar o mundo com o próximo jato de água quente que a pegar de surpresa. Vai pegar na pressão, até ganhar a atmosfera, ultrapassá-la, pegar a rota dos satélites e então rodear o globo.





segunda-feira, 25 de abril de 2011

Contos Delírios - 03

Ela não sabia que um dia se sentiria vedada no céu. Ela queria mais uma ascensão, além do céu que já estava.

Sempre a compôr um contraponto, ela esperava que assim, através da expansão sonora, ela ascendesse ainda mais, mais pro alto, mais lá em cima, queria mais e mais ascensão. Para um novo céu, um novo planeta, um novo lugar.

Um belo dia, depois de compôr "A Lightning Covered my Rainbow" ela a apresentou aos anjos de Deus. Eles a disseram: _ É realmente esplêndido, mas ainda não é hora de ascender mais e mais. Estamos estudando o seu caso, porque ascender mais e mais não é pra qualquer um. Fique em paz... Você admira e põe em prática o mistério da transmutação. Persevere. Estaremos sempre com você.





quarta-feira, 20 de abril de 2011

Contos Delírios - 02

A puta era nova e não sabia que manter prostíbulos vivos era crime. Melhor era ela na Bahia dando só pra um ou dois namorados.

Chegou um dia em que ela teve que resumir a sua vida e escolher entre duas opções: puteiros não dava mais porque a polícia tinha fechado todos e além do mais ela já estava ficando cansada com a idade, devia assim dar faxina no Rio, ou faxina em São Paulo, cidades em que tinha uma prima em cada uma.

Acabou que sua vida virou um certame de viajar pro Rio e pra São Paulo, ida e volta, volta e ida, pois nem como faxineira ela estava conseguindo remuneração para sobrevivência. Ela achava preços melhores e lugares menores aqui e acolá, e viajava por ter ganhado passagens para Rio e Sampa de graça por um ano num sorteio vadio que sua prima do Rio tiha ganhado por ser aeromoça.





terça-feira, 19 de abril de 2011

Contos Delírios - 01

A demografia da cidade crescia muito rapidamente e a perspectiva de que tudo sempre daria certo independentemente de tal fenômeno existia não se sabe como por toda a população.

Eles precisavam de mais bananas. Bananas, mais nada. Os tamanduás andavam por ali fazendo tatuagens nos cidadãos que mais pareciam macacos, de tanto que gostavam de banana.

Chegou o dia em que a demografia cresceu demais e a população por fim perdeu a confiança e perspectiva que ainda tinham. As bananas se revoltaram por não mais terem quem as comessem e começaram a ajudar os cidadãos a matarem-se uns aos outros.





quinta-feira, 14 de abril de 2011

saco, O

o sol terá uma face
a lua, um beijo
desespero chegou de desespero
chega de desespero chega
as linhas serão alinhadas
aveludadas as cordas do baixo
não haverá mácula
simples o saco enjaula
porra, escroto, lubricidade
sim

terça-feira, 12 de abril de 2011

Escute bem

Cibelle comanda bem, mui bem:

http://www.youtube.com/watch?v=IIOQ-avUR-8&feature=player_embedded

uma canção que me anima, pra vida.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

vindima

carne
sangue
escroto

sangue
boi
espeto

vinho

sara
guarda
nata
cura

verde
centro
bela
escura

vinha

quarta-feira, 16 de março de 2011

Vai pro forno

Formado e desempregado.
Formado e mal informado
Formado e sem forma
Formado e fora de forma
Formado e nada
nada mais

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel - VI - especial iron maiden

01) Powerslave
02) Somewhere in Time
03) Seventh Son of a Seventh Son
04) The X Factor
05) The Number of the Beast

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- Blood on the World's Hands
2- Heaven Can Wait
3- Only the Good Die Young
4- Run to the Hills
5- The Loneliness of the Long Distance Runner
6- Moonchild
7- The Edge of Darknes
8- The Clairvoyant
9- Caught Somewhere in Time
10- Alexander the Great
11- Man on the Edge

.não rolou nenhuma do Powerslave.


iron maiden - seventh son of a seventh son

cinza acolhedor

dia cinza
mas ainda belo e acolhedor...
cairá a chuva?
formar-se-á um arco-irís?

não sei
mas ainda em dias tranquilos, b & b
tanto médicos quanto açougueiros...
...vestem roupas brancas
tome cuidado, b & b

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel - V

01) Led Zeppelin - Remasters - Disc 1
02) Led Zeppelin - Remasters - Disc 2
03) Blade Runner - Motion Picture Soundtrack
04) O Rappa - O Rappa (Primeiro Álbum)
05) Obituary - Cause of Death

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- Blade Runner Blues - Blade Runner
2- Trampled Underfoot - Led Zeppelin
3- Body Bag - Obituary
4- Heartbreaker - Led Zeppelin
5- Memories of Green - Blade Runner
6- D'yer Mak'er - Led Zeppelin
7- One More Kiss, Dear - Blade Runner
8- Infected - Obituary
9- Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro - Dub (bonus track) - O Rappa
10- Cause of Death - Obituary
11- Sujo - Dub (bonus track) - O Rappa


blade runner - motion picture soundtrack

tiro no peito

gaiolas de advogados
pêgos em arapucas
pássaros ao ar livre
voam com os olhos semi-cerrados
justiça poderá haver
depois de amanhã
quando faltar o alpiste
dos então engaiolados

pássaros livres
advogados não
deve-se estudar as penas dos crimes nas escolas
só assim haverá menos cometer
deve-se atirar no peito dos advogados nas escolas
só assim eles realmente buscarão o código
como verdade de lei

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel - IV

01) Soundgarden - Superunknown
02) Soundgarden - Down on the Upside
03) Audioslave - Audioslave (First Album)
04) Pearl Jam - No Code
05) John Frusciante - To Record Only Water for Ten Days

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- Getaway Car - Audioslave
2- Ramparts - John Frusciante
3- Away & Anywhere - John Frusciante
4- Fallout - John Frusciante
5- Mailman - Soundgarden
6- Moments Have You - John Frusciante
7- Ty Cobb - Soundgarden
8- Saturation - John Frusciante
9- She Likes Surprises - Soundgarden
10- Spoonman - Soundgarden
11- I'm Open - Pearl Jam


"...fall out of love again, your dreams all end..."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

40 graus do Rio

o calor do Rio não incomoda
é um 40 graus singelo e acolhedor
ainda não conheci todas as praias
deve ser uma infinidade de beleza

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel - III

01) Megadeth - Countdown to Extinction
02) Megadeth - So Far, So Good... So What!
03) Pink Floyd - Ummagumma - Studio Album
04) U2 - Pop
05) Grip Inc. - Nemesis

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- Wake Up Dead Man - U2
2- Staring at the Sun - U2
3- Sweating Bullets - Megadeth
4- Portrait of Henry - Grip Inc.
5- The Playboy Mansion - U2
6- Sysyphus Part Four - Pink Floyd
7- Mofo - U2
8- If You Wear that Velvet Dress - U2
9- Sysyphus Part One - Pink Floyd
10- Pathetic Liar - Grip Inc.
11- Code of Silence - Grip Inc.

.não rolou nenhuma do So Far, So Good... So What!


pink floyd - ummagumma - studio album

resista ao pink

esqueletos ao som da rumba negra
arqueológicos estar de prazeres
percussão como daquela trilha louca
passe mal, pequeno dorminhoco

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel - II

01) Metallica - Metallica (Black Album)
02) Metallica - St. Anger
03) Pearl Jam - Ten
04) Trilha Sonora Original da Novela Baila Comigo
05) Tears for Fears - Tears Roll Down (Greatest Hits 82-92)

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- My Friend of Misery - Metallica
2- Nothing Else Matters - Metallica
3- Jeremy - Pearl Jam
4- Rio Sinal Verde - Júnior
5- Woman in Chains - Tears for Fears
6- Of Wolf and Man - Metallica
7- Once - Pearl Jam
8- Even Flow - Pearl Jam
9- Head Over Heels - Tears for Fears
10- Loucura - Cauby Peixoto
11- Pale Shelter - Tears for Fears

.não rolou nenhuma do St. Anger.


trilha sonora original da novela baila comigo

corte cintilante

e aquele corte cintilante
de puro ouro e porte madeira
pode ser aplicado em um jogo de vídeo
de última geração

muito brilhante
muito rico em derivadas
forte em mil cores vibrantes
dê um tempo ao tempo
e ele chegará à sua mente

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

os cinco discos no meu carroussel

01) Iron Maiden - The Number of the Beast
02) Iron Maiden - Seventh Son of a Seventh Son
03) Primus - Sailing the Seas of Cheese
04) Midnight Oil - Diesel and Dust
05) Death - Symbolic

coloquei pra sortear (shuffle)
...e rolou a seguinte sequência:

1- Can I Play with Madness - Iron Maiden
2- Warakurna - Midnight Oil
3- Here Come the Bastards - Primus
4- Sacred Serenity - Death
5- 1,000 Eyes - Death
6- Sgt. Baker - Primus
7- The Evil that Men Do - Iron Maiden
8- Gangland - Iron Maiden
9- Children of the Damned - Iron Maiden
10- Sometimes - Midnight Oil
11- Without Judgement - Death


midnight oil - diesel and dust

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

viver com o que se tem

quando se vive o que se tem
o que se tem vive junto contigo
explorado junto com o sangue que flui em suas veias
feliz com a conjugação
de vida e justiça

quando você vive o que tem
a confusão e depressão vão embora
você vive as alternativas
e valoriza cada uma delas

livros, cds, dvds, jogos
pouco a pouco você usa só o que é seu
e tudo vale a pena
mais do que se pode mensurar

viva tudo o que é original!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

sexta

trânsito de um terço
dois terços bloqueados
para obras da prefeitura
e eu nos vinís mal ajustados
voltei com incensos
três, dos melhores
valeu o passeio, ó, Vitória
valeu o passeio

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

de acerolas e abacates

_ Queria saber onde foram parar meus frutos...
_ Como assim?
_ Não sei. Dormi e quando acordei estava toda pelada...
_ Não fique assim, ó, aceroleira. Esteja certa de que farão bom proveito deles.
_ Que assim seja, ó, abacateiro... E você? Tá meio peladinho também, não é?
_ É! Eu vi quando levaram alguns abacatezinhos meus. Pena que foram brasileiros quem os tomaram. Se fossem colombianos eles fariam melhor proveito. Lá na Colômbia eles comem abacate até no almoço, como parte do prato. Lá é normal.
_ Ai, nem me fale em Colômbia porque eu parei de cheirar...
_ Eu também. Na verdade quando vêm uns colombianos e deixam escapulir um pozinho por minhas raízes eu não acho ruim não...
_ Ai, ai... Deixa estar.
_ É!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

empunhadas

nessa foice eu vi um estalo
ela bateu e pocou a carne
grande ensejo do povaréu
todos gritaram em escândalo

e então uma serra elétrica foi empunhada
cortou os pulsos dos sem coragem de o fazer
alimentou os porcos com lavagem de cérebro humano
e não pagou pra ver

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

pitaya da labuta

uma fruta nova pro amor, por favor
pitaya, parente do kiwi, sim, existe
bom pro saco, pros neurônios e contra apnéia
nesse mundo o vento passa que passa o mundo que passa passa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

irmãos no emoldurado

em sampa
aéreo
vilarejo
cemitério

cura
brothers
mais que isso
mais que nada

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Falando de amor

"Vem depressa, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
que eu guardei esse segredo
escondido num choro canção"

[Falando de amor]

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

óleos

Olhos azuis clamavam por justiça. Olhos leves azuis.

Olhos que passam uma lubricidade espiritual muito grande diante da realidade que só quem os têm pode saber.

Olhos verdes. Olhos verdes quase água. Segurança e lealdade, espontaneidade e liberdade. Olhos leves verdes também clamavam por justiça.

Olhos cor de mel. Nada de ansiedade, só curtição, pra quem os têm.

Olhos pretos. Agilidade e rapidez de absorção.

Olhos violetas. Só eu e ela temos.

Carpete voador: pegou todos nós e voou até a Espanha. Juntos somos seis, erigimos então seis pilares com pedras preciosas colocadas lá no alto de cada um deles, cada um com uma pedra: rubi, safira, esmeralda, ônix, petróleo e dinamite.

Rezamos então para o melhor desenvolvimento espiritual do ser humano. Que os seis pilares servissem de apoio e fonte inspiradora para aceitá-lo, para com ele evoluir e contribuir para o bem estar social, micro e quem sabe macro. Foi tido o indivíduo como incógnita base padrão, que pode aceitar e evoluir com completa independência, como ponto de início fundamental, à vida, à morte, à ressurreição e dignidade.

escrito ao som de psytrance (vários)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

retoques de colheitas

_ Nossos números estão valendo 10%!

_ Minha chance de morrer acabou aos dezenove!

_ Eu não sei qual a graça de viver sem matar!

_ Ele tinha dezenove também (centímetros de cacete)!

_ A bolsa de valores vai pocar. O diabo vai nascer!

_ Meu diabo é mais gostoso que o seu!

_ O resultado de hoje da mega sena é de mais de cento e noventa milhões!

_ Há uma água doce da qual jamais deixarei de beber!

_ Meu videogame evolui!

_ Estou feliz!

_ Abraço pra toda a juventude do colapso estrutural da sociedade! Fazíamos mais do
que hoje, mas não há problemas! Viveremos do que comermos!

_ Aquela janela disputou espaço com o ventilador de teto!

_ Toda a graça e toda cura! Amém!!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

entre as catacumbas de Maria Aritmética e Franco Dicionários havia uma barreira

Entre as catacumbas de Maria Aritmética e Franco Dicionários havia uma barreira, uma catacumba de alguém que não foi muito importante em vida, que, quem sabe, até merecia uma catacumba melhor.

Maria não sabia como chegar até Franco, eles foram separados pela morte dias após seu casório. Ambos não acreditavam que o espírito é mais importante que a carne. Aconteceu então que ficaram embotados na carne mesmo depois da morte.

Aritmética estava com os olhos abertos em sua catacumba, e pelo tempo que já estava lá, já começava a recobrar movimentos. Dicionários já estava até ficando com o pau duro depois de dois meses. Sonhava, já com os olhos abertos, com o sexo oral que de sua adjunta esposa poderia obter.

Mas, havia ainda por cima, além de estarem mortos e enterrados, uma outra barreira, já mencionada no primeiro parágrafo: uma catacumba de um estranho entre eles, e era uma catacumba pobre, uma regalia para mortos como eles que adorariam dar uma voltinha por aí de vez em quando. Se a catacumba é mais pobre ela é mais fácil de ser vencida para se sair dela.

Maria Aritmética, casada com Franco Dicionários detestavam aquela barreira. Que barreira seria essa? O que será que ali entre eles estava enterrado?

Uma pessoa. Zé do Açougue. Zé trabalhara a vida toda no açougue vendendo carnes, e não dispensava um ou outro trabalhinho por fora: esquartejar um humano ou outro pra facilitar o sumiço do defunto, essas coisas.

Depois de dois mil e setecentos anos, Maria Aritmética já estava sentadinha em cima de sua catacumba, e, Franco, sentado na sua, com o pau na mão. Só precisavam vencer aquela barreira pra se encontrarem juntos. Acontece que rolou um raio vindo do céu que caiu exatamente sobre Zé do Açougue. Ele ressurgiu das trevas, com seu machado na mão, machado que seus comparsas haviam colocado junto de seu corpo em homenagem e consideração por sua companhia.

Não deu outra: Zé do Açougue partiu pra cima dos corpos de Aritmética e Dicionários, os casados, mal casados, comparsas da carne e não do espírito, e esquartejou-os completamente. Primeiro a Aritmética: rolou pescoço, rolou braço, cuspiu barriga... Dicionários: voou pau, esbugalhou olhos, desencantou pernas.

Foi dada a chance da conquista, em último grau, aos amantes. Agora os dois estavam esbugalhados, esquartejados na terra no cemitério, completamente misturados: deviam se sentir mais unidos do que nunca, de uma maneira que nunca imaginaram antes. O problema é que os nervos já estavam todos desarticulados pelo excelente trabalho do Açougue. Agora eles se tornaram apenas merda desarticulada em espasmos sem poesia, o que de certa forma sempre foram, apenas chegaram a um ápice: o ícone de quem pensa como eles, o destino que têm: antes ou depois, agora ou para sempre.


escrito ao som do Slayer

justiça de sol violeta

Enquanto a passeata prosseguia com seus cartazes o sol se punha braseadamente por entre as nuvens de algodão doce...

Elas reclamavam um novo dia melhor. O sol deveria nascer violeta e as nuvens de algodão doce deveriam se tornar acessíveis, ao alcance das mãos...

Depois de uma semana mais ou menos eis que surgiu no límpido céu o sol violeta. Transmitia uma paz a tudo e a todos que jamais alguém poderia ter mensurado. Depois de dois dias foi a vez das nuvens chegarem ao alcance das mãos, provando que eram de algodão doce.

Até o dia em que a Prefeitura Municipal se revoltou contra tamanha paz e resolveu dar um toque de recolher... Em alguns dias o sol se foi, eternamente escondido por trás de longínquas nuvens que já não mais serviam doce à população. Eram de algodão doce, ou seja, algodão de ácido lisérgico, mas agora estava tudo acabado.

Passado algum tempo, com tudo daquilo tendo acabado, o prefeito retirou o toque de recolher. Aí tudo voltou, o sol violeta, o doce ao alcance de todos, mas dessa vez seria diferente... O próprio sol fez justiça. Abocanhou o prefeito em plena praça pública depois voltou ao céu, seu lugar de equilíbrio predileto.

Muitos morreram por causa de overdose de doce, mas muitos ainda estavam vivos, vivendo uma vida sem tédio e sem prefeito.



escrito ao som de Fantômas – Suspended Animation (in shuffle)