sábado, 30 de junho de 2012

e dirigido...

muitas pessoas assumem túmulos
mas não são sequer pra descansar
um levantou agora, isso pode mudar
aceitar a vida em sua leveza
o direito de liberdade e de expressão
o excelente poder do momento que nunca vai passar de novo, então...

faça um registro
voe num zepelim de bronze, liberado e dirigido...
morra, desfaleça
agora mais do que nunca
que o seu túmulo seja a vida
agora e à toda prova!

_
escrito ao som do álbum III do Led Zeppelin

quarta-feira, 27 de junho de 2012

a tela está branca

aproveito aqui que a letra é minha
aproveito aqui que a tela está branca
faço uso então de uma simples tecnologia
teclado, texto, literatura, alegria

um crocodilo rasteja feliz
vivendo todo seu pântano
como alguém que está em cânhamo
ele realiza seu viver

uma linda morena passeia triste
não sabe nada ainda do bem-querer
da simplicidade da vida
do compartilhar, receber

que a carne seja veículo
e nunca tome o lugar do espírito
funcionamos de bom grado
pelas saídas, pelo êxito

feliz

segunda-feira, 25 de junho de 2012

deprimente

paralisia
olhos voam
ao redor
o que fazer?
sem ela não
quem ela é?
uma discussão
tão pobre e raro
anfitrião

gasolina
espalhada na cinza
de seus cigarros
quase que tudo
quase que tudo explode
acalente-se em seu recanto, ó, ser
não dá mais pra morrer

ao menos sinta
ao menos mate
ao menos morra
ao menos esteja sempre a par de tudo
de tudo
que se exploda
quero viver o presente
que a gente sente
não narrado, nem tão doente
apenas deprimente
pular na chuva
escorrer a mente
quem sabe algum dia alguém se

quinta-feira, 21 de junho de 2012

um lugar

dez cataventos
dezessete bueiros
dezenove quatro cinco
dezessete oito meia cinco

me dá um lugar no campo?
preciso descansar em bom ar...

nove vezes dezenove vezes quatro vezes dois
atmosfera mega de deixar pra depois
sete vezes sete vezes sete vezes quatro
não há chance pra quem gosta tanto de ser um pato

um bom lugar pra ficar, em um lugar tranquilo...
existe ou estou fora de eixo?

nove vezes oito vezes quatro mil novecentos e noventa e sete
sete vezes quatro vezes noventa e cinco vezes novecentos e noventa e sete
nove vezes, vezes nove, vezes nove...

ei!? há um lugar!? em que eu possa ficar?

nove vezes nove vezes nove vezes nove vezes nove vezes dezenove...

tem não

_
escrito ao som do álbum As Cidades de Chico Buarque

domingo, 17 de junho de 2012

três pés de laranja

pinte o céu e o chão de preto
pule lá de cima daquele prédio esquisito
morra de picada de mosquito
aceite o plano B não tão bem quisto

três pés de laranja pra você chupar
e quando acabar
acabou
até outro dia
preenchi seu vazio
te dei sua comida
outro dia você chupa mais
e quem sabe se não mesmo hoje
dói muito
tenho um pouco de medo
a sua flor da morte parece poder acabar comigo

chão e céu
está escuro agora
deitamos ao luar
ouvindo um pork soda do primus

_
escrito ao som da Rádio Antena 1

sábado, 16 de junho de 2012

uma palavra para... (brincando de poesia) XII

- pink floyd --> skyline
- meshuggah --> brunette
- desemprego --> bread
- nirvana --> accustom
- erro --> bondage

sexta-feira, 15 de junho de 2012

cantar

chuvas arcanjassauras
conteúdo cor de rosa
rosa frívola, rosa que mata
com seus espinhos, enquanto a cata

ela é gostosa
o chão é rosa
como ela aqui
e eu como ela acolá
cheias de flores as árvores ao ar

venha chamar minha cama de puta
venha deixar a vara cantar

quinta-feira, 14 de junho de 2012

festival frutífero non-sense


morango


kiwi


cajá

Entrou nessa garupa saindo sangue e perguntou! Opa, eu quero um cajá em pessoa na bacia. Não, mas só tem morango do lado de lá do ponto de ônibus. Morango mandou um beijo e já está do outro lado.

Prefiro cajá.

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escrito ao som da Rádio Antena 1

terça-feira, 12 de junho de 2012

temperados com sal

_ Joga sal! - pedia a desafinada.
_ Não. A ferida está muito aberta. - rebatia seu namorado.
_ Por mim você jogava sal logo.
_ Vamos esperar até o próximo estágio.

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Acabou o sal na terra das cachoeiras e o mar era longe pra pegar água e deixar pra secar no sol até ter o sal.

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Dois dias depois...

_ Tá doendo demais meu joelho, era pra você ter tacado sal aquele dia.
_ Não taquei porque não quis, eu tinha sal.
_ E por que não tacou?
_ Eu achei que não era a hora.
_ Taca agora então, taca logo.

João Abelardo foi até a cozinha então e pegou um pouco do não tão abundante sal na terra das cachoeiras que havia estocado, trouxe e tacou no joelho da namorada.

_ Janaína, agora vai dar certo.
_ Ai, ai! Tá bom já.
_ Certo.

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Vamos temperar as comidas com um pouco de sal.

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escrito ao som da Rádio Antena 1