quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

mergulho em uma árvore

congelado
absorto
negado

quieto
morto
nato

um pulo de peito de uma varanda pra cima de uma frondosa árvore
um tornar-se ela, seus galhos, o sangue em toda sua seiva
averiguar fundo até a raiz com a profundidade da água em colheita
o poder do fato, transmutado em um ato
de com a natureza se fazer morrer, por um instante grato
e perceber, como uma árvore pode amar tanto você
o verde de sua copa, a morte em cada horta
fazendo a semente morta renascer
abro os braços e dentro dela experimento
o formato de uma vida em contento
sob o céu, a terra, o ar...
a água pra me congelar
e depois voltar para o meu leito
e saborear esta inusitada experiência
de por um momento estar dentro dela, e em outro, fora dela...
bem como eu e você
a morte e a aquarela
mela

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escrito ao som do álbum More do Pink Floyd

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