segunda-feira, 28 de maio de 2012

aprendi algo com você

oito e trinta e cinco
um canário te assiste
você acha que sabe as horas
mas são sete e dois

frio vai fazer sábado que vem
com todas aquelas cobertas a te ajudar
uma boa cama onde há ar
para repousar e deixar viver

ainda conto com você
tem óleo e sangue na sua cozinha
sem mais aquelas crises anti-dopamínicas
você quer viver
quer quebrar a jaula
expandir a mágoa
que seja ser

você escorregou no óleo
na sua cozinha
e ainda há sangue
você matou muito
uma afirmativa
sem necessidade de interrogativa

uma boa companhia
você é
acredite
aprendi algo com você
você é triste
você é sempre algo a mais
você não desiste
pois já desistiu há muito tempo
sem nem mesmo precisar de ter desistido

eu gosto da sua memória
acho que você não tem memória
tem algo mais parecido com uma tromba de elefante do que com memória
como será que funciona a sua mente?
memórias importam?
nada...
elas se tornam algo mais importante
de diferentes formas
de acordo com cada uma
ou grupo delas...
memórias...

não acredito que você pode fazer tudo isso
dilatar memórias dando lugar a algo novo e independente
sem deixar de valorizá-las
e deixá-las trabalhar
deixá-las ser
uma frase
ou duas

agora são oito e vinte e dois
você outro acreditou?
acho que você precisa deixar de acreditar em relógios
pelo menos um pouco
agora são dezenove e nove

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