terça-feira, 23 de novembro de 2010

teto, caçamba, assoalho

caçamba de ácido sal feita de aço caboclo
sacudida pra lá do alto, tenra em caso de ouro
aquecida ao máximo de seu quilate agora queima a forca
de menina que já tá no alto, no teto, estranguladora
de si mesmo foi o açougueiro que preferiu enforcamento à lavoura
agora atingida por ela, a caçamba quente e voadora
queimando todo o corpinho, se sacudindo, ainda com vida
se arrastando nas pernas, nas coxas, nos arremedos, toda
morra queimada, minha menina, porque é medida boa
tácito fogo te fará pagar
o alicerce cede...

e ela se esborracha no chão
no tremilique último, linha tênue do coma
já não se apercebe conscientemente com vida
só está a se debater no chão, em silêncio, quebrado pelo barulho dos solavancos da guria no assoalho

ficou então, de uma vez por todas, pra caçamba de fogo decidir sobre sua vida
elevou-se a tal temperatura que começou a se fundir
derramando-se na já agora porca velha, nossa menina
aço, ouro, ferro e cobre
pertence agora
à defunta que se forma, que se firma, que se forma
roupa velha
roupa em forno
roupa gasta
roupa falha
saboreada

7 comentários:

Afonso Duarte disse...

PARABÉNS PELO BLOG ;D

Nicelle Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nicelle Almeida disse...

O ouro pra ser ouro, precisa passar pelo fogo. Vale a pena!! =)
www.nicellealmeida.blogspot.com

BLoG do CHARQuE disse...

... que bom...


O melhor blog do meu .... Bairro!!!
http://blogdocharque.blogspot.com/

Allan Lemos disse...

Muito legal essa analogia, parabéns!

Jey Bi disse...

Noossa, que interessante. adorei a forma como utilizou as palavras. parabéns. :D

•Lαízα disse...

Otiimaa colocação de palavras